Ciência aponta a importância da socialização na velhice

Com o envelhecimento, uma série de desafios novos começa a surgir. Uma vida diferente, sem rotina de trabalho diário e com a possibilidade de limitações físicas, por exemplo, pode gerar problemas de adaptação. Devido a essas mudanças, a atenção à saúde mental é extremamente importante, mas acaba sendo deixada de lado por grande parte das pessoas. Especialistas defendem que as mulheres mais velhas se mantenham ativas, em opções que expandam seu círculo social, uma medida importante para evitar problemas como a solidão provocada pela viuvez. Também recomendam que elas procurem atendimento psicoterápico caso enfrentem enfermidades como a depressão.

Por viver mais que os homens, muitas mulheres enfrentam a viuvez. O luto pode gerar solidão e desencadear problemas ainda mais graves. Para evitar que isso ocorra, especialistas acreditam que a melhor estratégia é ocupar o tempo com outras atividades, principalmente as que conseguem expandir o círculo social. Em um estudo americano, cientistas observaram que a solidão resultante da morte de um cônjuge pode ser reduzida por meio de trabalho voluntário.

Os pesquisadores analisaram dados de 5.882 adultos casados, com 51 anos ou mais. O estudo mostrou que 100 horas por ano (duas horas por semana) de atividade voluntária resultam em melhorias para idosos enlutados. “Tornar-se viúva é uma das transições mais difíceis que as pessoas enfrentam mais tarde na vida”, destaca Ben Lennox Kail, um dos autores do estudo e professor-assistente de sociologia da Georgia State University, nos Estados Unidos. “Vimos que, entre os viúvos, oferecer 100 horas por ano reduz a solidão a um nível parecido com o de quem não perdeu uma pessoa tão próxima. Isso foi algo que nos deixou muito felizes.”

Carmen Sylvia Pereira Rios, 86 anos, passou pela dor de perder um companheiro três vezes. Após o término do primeiro casamento, ela pensou que não fosse conseguir se abrir para outra pessoa. “Fiquei viúva aos 42 anos pela primeira vez. Isso fez com que eu perdesse a vontade de me relacionar de novo, e senti que meu coração também ficou mais duro. Minha mãe ficou viúva aos 38 anos e nunca mais se casou, achei que o mesmo ia acontecer comigo. Mas, aos poucos, fui me abrindo novamente. Eu me casei outras duas vezes e fui muito feliz em todos os meus relacionamentos”, conta.

Carmen diz que sempre se manteve muito ativa socialmente. Para ela, ficar parada é algo difícil, e essa disposição sempre a ajudou bastante. “Quando me aposentei, aos 60 anos, me mudei para Vila Velha, no Espírito Santo. Gostava muito do lugar porque tinha praia e muitas atividades oferecidas a pessoas mais velhas, como hidroginástica no mar, que eu adorava. Também passei a viajar bastante, algo que gosto muito”, diz. “Tive um problema com o meu pé e precisei voltar para Brasília para ficar próxima dos meus filhos. Agora, estou em repouso, mas não vejo a hora de poder voltar a me exercitar”, confessa. “Queria voltar à praia porque acho que lá tem mais atividades para as pessoas mais velhas. Em Brasília, deveria ter mais.”

Depressão
João Armando, psiquiatra, destaca que um dos grandes problemas de pessoas que perdem o(a) companheiro(a), principalmente se for na velhice, é a dificuldade de continuar a vida ou mesmo de reiniciar o círculo social. “Dessa forma, viúvas e viúvos tendem a mergulhar na solidão e se isolar do mundo, o que pode evoluir para a depressão. Uma das indicações para que isso não aconteça são as atividades em grupo, já que elas facilitam o convívio e, em algumas situações, podem até reunir indivíduos que estão passando pela mesma situação”, completa.

Para Armando, todas as medidas que levem à maior socialização e à melhoraria do sentimento de não ser mais útil são importantes. “Recentemente, vi uma reportagem na qual idosos da Inglaterra estavam fazendo chamadas de vídeo com adolescentes de outras partes do mundo para ajudá-los a treinar a língua inglesa. Esse tipo de iniciativa pode ajudar bastante a diminuir os sintomas de solidão. Entretanto, familiares devem sempre prestar atenção no quadro de tristeza da pessoa viúva. Caso eles não vejam nenhuma melhora, é preciso levá-la ao psiquiatra para uma análise do especialista e um possível tratamento com medicação. Sem contar que, nessa fase de luto, a terapia pode contribuir para minimizar o sofrimento.”
Palavra de especialista

Busca por novos sentidos
“O envelhecimento não é uma doença, mas muita gente interpreta como tal. É um ciclo em que temos que reentender e ressignificar, dar novo sentido a esse momento. O que escuto muito das mulheres nessa fase da vida é que elas não se reconhecem, não sabem quem são. Fui a minha vida toda uma profissional e, de repente, me aposento, dizem. Tenho que saber se gosto de arte ou de ginástica, por exemplo, para poder me encontrar durante essa fase. Claro que isso não é feito de um dia para o outro, exige tempo. É preciso ressaltar que isso é mais difícil de ser feito em casos de situações econômicas mais precárias, em que muitas mulheres não têm essa opção. Para as mulheres mais jovens que ainda não pensaram nisso, é uma tarefa que sempre recomendo. Como eu gostaria de estar aos 60 anos? Isso é algo a se perguntar. Pode ajudar muito a planejar o futuro”. Marisa Sanabria, psicóloga, mestre em filosofia e autora do livro A Segunda Vida — Um guia para a mulher madura.

Impactos de preconceitos e traumas
Além dos obstáculos recorrentes que surgem durante o envelhecimento, as mulheres negras enfrentam outras dificuldades, pois sofrem com o racismo durante toda a vida. Por mais que o tempo passe, traumas vividos dificilmente vão embora sozinhos. Por isso, procurar a psicoterapia é uma das maneiras que pode ajudar idosas negras, destaca a psicóloga Luciana Costa.

Ela estudou os efeitos que o racismo causa na prática clínica e ressalta que um dos pontos que mais chamaram a sua atenção foi a necessidade de um atendimento psicoterápico feito por uma pessoa semelhante. “Na minha pesquisa, não dei foco às mulheres mais velhas, mas notei que grande parte das pessoas negras que entrevistei se sente mais à vontade de falar sobre esses traumas quando é atendida por especialistas negros. Acredito que o mesmo pode ocorrer com mulheres mais velhas pois, dessa forma, elas não têm medo de passar novamente por situações de preconceito, se sentem mais seguras em compartilhar suas histórias”, justifica.

Para a psicóloga, mais pesquisas sobre o tema podem contribuir para o aprimoramento de especialistas da área. “Não conseguimos falar sobre envelhecimento da mulher negra sem falar da trajetória dela. Quando se chega à velhice, é inevitável falar sobre o racismo devido à estrutura racista que vivemos no Brasil. Temos poucos estudos com essa temática, principalmente voltados para a saúde mental dessa parte da população. Quando escolhi esse tema, encontrei poucas coisas”, diz. Para Costa, ter um grupo de apoio é algo de extrema importância para essa parcela da população. “Acho importante que as mulheres negras e idosas busquem um grupo de pessoas próximas, uma comunidade semelhante, que ressalte o seu valor e ajude em seu fortalecimento. É muito importante não estar sozinha”, justifica.

Ansiedade
O psiquiatra João Armando também acredita que traumas psicológicos não tratados podem ressurgir. “Basta a pessoa ter um gatilho emocional que a lembre, e isso pode desencadear novamente sintomas de ansiedade. Por isso, a terapia e, quando necessário o tratamento medicamentoso, é essencial para um envelhecimento mais leve, do ponto de vista da saúde mental. Além disso, a presença de sintomas ansiosos e depressivos leva a uma maior atividade inflamatória, que, por consequência, acelera o processo de envelhecimento”, detalha.

O médico ressalta a importância do acompanhamento de um especialista. “Com certeza, esse tipo de situação deve ser tratada por uma equipe de saúde mental. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, melhor será o envelhecimento da pessoa. Porém, ter idade avançada não é uma limitação para realizar tratamento psicológico e psiquiátrico. Afinal, o que se busca com isso é uma melhor qualidade de vida, o que todos merecem em qualquer fase.”

Lembranças da violência
Uma pesquisa americana descobriu que mulheres que sofreram violência sexual, mesmo aquelas que não foram diagnosticadas com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), tinham lembranças mais intensas até décadas depois da ocorrência da violência. Pesquisadores acreditam que essas informações precisam ser consideradas durante o tratamento psicológico de idosas.

O estudo, publicado na revista especializada Frontiers in Neuroscience, analisou 183 mulheres com idades entre 18 e 39 anos. Desse total, 64 relataram que foram vítimas de violência sexual, sendo que 10 tomavam medicamentos para tratar o problema. “Até certo ponto, não é de se surpreender que essas memórias se relacionem com mais sentimentos de depressão e ansiedade porque essas mulheres lembram o que aconteceu e pensam muito sobre isso”, afirma, em comunicado, Tracey Shors, professora do Departamento de Psicologia da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% das mulheres sofrem algum tipo de agressão física ou sexual ao longo da vida.

Fonte: www.correiobraziliense.com.br

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