Pesquisadores da Universidade de Yale divulgaram recentemente os resultados do maior estudo realizado sobre os efeitos do preconceito na saúde dos idosos. Para a sua realização, foram reunidos dados de 7 milhões de indivíduos em 45 países.
A iniciativa é da Organização Mundial de Saúde (OMS), em parceria com a faculdade de saúde pública da instituição, que integra uma campanha global de combate ao ageísmo, termo utilizado para definir o preconceito por idade.
Como foi realizado o estudo
Para realizar esse estudo inédito, os pesquisadores revisaram 422 outros estudos publicados mundialmente. O resultado foi que 96% mostravam evidências dos efeitos adversos do preconceito contra os idosos, onde foram considerados diferentes aspectos, como a falta de acesso a cuidados de saúde e os estereótipos culturais, que também afetam a saúde e o bem-estar dos mais velhos.
Uma das conclusões do mega estudo foi que o preconceito gera um impacto negativo no quadro de saúde mental, principalmente relacionado com a depressão. Dez estudos apontaram uma relação entre a intensidade com que idosos se sentem atingidos por estereótipos e a diminuição de sua expectativa de vida.
A equipe de Becca Levy, líder da pesquisa, mapeou que o preconceito afetava as chances de pacientes mais velhos receberem tratamento médico adequado. Foram observadas evidências de que o acesso à saúde havia sido negado entre essa faixa etária em 85% dos estudos mais relevantes. Em 92% das pesquisas internacionais, havia a indicação de que o preconceito influenciava até mesmo as decisões médicas.
A sistematização dos mais de 400 trabalhos realizados pela Universidade de Yale cobriu o extenso período de tempo de 1970 a 2017. Foi descoberto ainda que o problema afetava todos os indivíduos mais velhos, independentemente de sexo e raça.
“Os efeitos nocivos levantados pelo estudo demonstram a necessidade de iniciativas para combater o preconceito”, afirmou Becca Levy.
Ageísmo: preconceito contra idosos
Comportamentos como considerar o idoso “desnecessário” ou “improdutivo” e até mesmo a sua infantilização são manifestações de ageísmo. Esse conceito reúne toda e qualquer atitude que denote discriminação ligada à idade.
No Brasil, ainda não há uma denominação formal para designar estereótipo e discriminação com base em idade, o que permite o uso de termos como ageísmo e idadismo.
Essa definição surgiu por Albert Butler, um gerontólogo e geriatra americano, no final da década de 60. Esse preconceito é considerado o mais universal dos preconceitos, diferentemente do racismo e sexismo, pois pode afetar a todos os indivíduos.
Números e estimativas
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), o número global de indivíduos acima de 60 anos está projetado para aumentar de 962 milhões em 2017 para 1,4 bilhão em 2030 e ainda 2,1 bilhões em 2050, quando quase todas as regiões do mundo, exceto a África, terão perto de um quarto ou mais de suas populações com 60 anos de idade ou mais. Em 2100, o número de pessoas idosas pode alcançar 3,1 bilhões.
A população com 60 anos ou mais está crescendo a uma taxa de 3% anualmente. Mundialmente, a população acima de 60 anos está crescendo mais rápido do que os demais grupos etários. Atualmente, a Europa possui a maior porcentagem de população com 60 anos ou mais: 25%.
Globalmente, o número de pessoas com 80 anos ou mais deverá triplicar em 2050, de 137 milhões em 2017 para 425 milhões em 2050. Até 2100, deverá aumentar para 909 milhões, quase sete vezes seu valor em 2017.
Fonte: pebmed.com.br
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