Disfagia: campanha chama atenção da população sobre o assunto
Segundo o periódico internacional Dysphagia, estima-se que oito em cada 10 pessoas com Parkinson e 2/3 dos doentes de Alzheimer desenvolvam a disfagia, distúrbio comum em idosos com doenças neuro-degenerativas e outras enfermidades, e que dificulta a efetiva condução do alimento da boca até o estômago.
Com o objetivo de conscientizar profissionais de saúde e a população em geral sobre a disfagia, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) realiza a campanha que discute sintomas e cuidados com o distúrbio que afeta a alimentação, especialmente de pessoas idosas.
Segundo a Drª Ana Beatriz Di Tommaso, médica geriatra pela SBGG e integrante da campanha, nem sempre o idoso, a família ou mesmo os profissionais de saúde suspeitam da disfagia.
“Os sintomas são simples e podem ser confundidos com outras enfermidades. Entre eles, tosse ou engasgo com alimentos, sensação de bolo na garganta, de refluxo e até perda de peso”, esclarece a médica geriatra.
Mas nem sempre o diagnóstico é fácil, pois os sintomas podem estar mascarados, adverte a Drª Ana Beatriz: “Febre frequente sem causa aparente, resfriados de repetição, recusa ou cansaço para se alimentar e até mesmo isolamento social, uma vez que o indivíduo evita sair para não se expor durante a refeição. Todos esses aspectos podem indicar disfagia”.
Diagnóstico preciso e tratamento
À medida que tenha suspeita de disfagia, a partir de perguntas ativas relacionadas à dificuldade de o idoso em se alimentar, o médico deve indicar uma avaliação fonoaudiológica.
A Drª Juliana Venites, fonoaudióloga especialista em gerontologia e integrante da Campanha de Disfagia da SBGG, explica que o paciente geralmente chega por indicação de um médico. O fonoaudiólogo avalia a dificuldade para engolir, que sempre vem acompanhada de um emagrecimento e/ou pneumonia, já que este problema decorre da alteração no trajeto do alimento, que desvia para a traqueia e chega aos pulmões.
Após o diagnóstico, o tratamento é como se fosse “fisioterapia da deglutição”, com a realização de exercícios com a língua, exercícios que fortalecem a laringe, a glote, e de expiração.
“Mas o tratamento vai além dos exercícios. Adotamos uma serie de condutas que vão ajudar o idoso a comer melhor, como a melhor consistência para se engolir, considerando o posicionamento que ele precisar ter ao comer, o volume da colherada, o ritmo da alimentação e até o ambiente”, complementa a fonoaudióloga, que tem um canal no Youtube em que comenta sobre disfagia e envelhecimento (Veja o canal clicando aqui).
Subnotificação
Segundo a Associação Americana de Fala e Linguagem Auditiva (ASHA, da sigla em inglês), estima-se que a disfagia atinge aproximadamente 20% da população com 50 anos ou mais no mundo.
Mas, de acordo com dados de pesquisa realizada pela Sociedade Europeia de Distúrbios da Deglutição e da Sociedade de Medicina Geriátrica da União Europeia, publicados em 2016, apesar de muito frequente, poucos profissionais de saúde diagnosticam esse distúrbio. Assim, sugere-se que cerca de 75% dos indivíduos não imaginam que possuem disfagia e 91% alimentam-se de forma inadequada.
Esse problema é especialmente preocupante na população com 60 anos ou mais: 27% dos idosos tem disfagia, de acordo com dados de pesquisa realizada em hospitais dos Estados Unidos e publicados em 2006 na Revista Dysphagia. A prevalência aumenta para 47,5% naqueles com histórico de hospitalização e para 52,7% se forem residentes de instituições de longa permanência. Sem os cuidados adequados pode haver perda de peso, desidratação, pneumonia e até mesmo morte.
Médicos geriatras e fonoaudiólogos especialistas em gerontologia podem ajudar a população a compreender a importância da disfagia para melhorar o diagnóstico e os cuidados. A SBGG acredita que a informação é a melhor estratégia para empoderar as pessoas idosas, promovendo uma efetiva melhora.
Fonte: sbgg.org.br